A hora e a vez de Camaçari

A hora e a vez de Camaçari

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Aviso da Lua que Menstrua

Aviso da Lua que Menstrua

Elisa Lucinda



Moço, cuidado com ela!

Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...

Imagine uma cachoeira às avessas:

cada ato que faz, o corpo confessa.



Cuidado, moço

às vezes parece erva, parece hera

cuidado com essa gente que gera

essa gente que se metamorfoseia

metade legível, metade sereia



Barriga cresce, explode humanidades

e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar

mas é outro lugar, aí é que está:

cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita...



Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente

que vai cair no mesmo planeta panela.



Cuidado com cada letra que manda pra ela!

Tá acostumada a viver por dentro,

transforma fato em elemento

a tudo refoga, ferve, frita

ainda sangra tudo no próximo mês.



Cuidado moço, quando cê pensa que escapou

é que chegou a sua vez!

Porque sou muito sua amiga

é que tô falando na "vera"

conheço cada uma, além de ser uma delas.



Você que saiu da fresta dela

delicada força quando voltar a ela.



Não vá sem ser convidado

ou sem os devidos cortejos...

Às vezes pela ponte de um beijo

já se alcança a "cidade secreta"

a Atlântida perdida.



Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.

Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas

cai na condição de ser displicente

diante da própria serpente.



Ela é uma cobra de avental.



Não despreze a meditação doméstica.



É da poeira do cotidiano

que a mulher extrai filosofia

cozinhando, costurando

e você chega com a mão no bolso

julgando a arte do almoço: Eca!...



Você que não sabe onde está sua cueca?



Ah, meu cão desejado

tão preocupado em rosnar, ladrar e latir

então esquece de morder devagar

esquece de saber curtir, dividir.



E aí quando quer agredir

chama de vaca e galinha.



São duas dignas vizinhas do mundo daqui!



O que você tem pra falar de vaca?



O que você tem eu vou dizer e não se queixe:

VACA é sua mãe. De leite.



Vaca e galinha...

ora, não ofende. Enaltece, elogia:

comparando rainha com rainha

óvulo, ovo e leite

pensando que está agredindo

que tá falando palavrão imundo.



Tá, não, homem.



Tá citando o princípio do mundo!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A Hora da Escolha - Jornal Le Monde Diplomatique Brasil

A HORA DA ESCOLHA


A campanha eleitoral do PSDB e das elites conservadoras neste ano traz características surpreendentes, porque consideradas superadas há muito tempo. É um renascer conservador que usa de todos os métodos, manipula, distorce, falseia, na tentativa de seduzir o eleitor sem dizer a que veio sem apresentar sequer um programa de governo.

Temas como a crença em Deus, o aborto, a liberdade de imprensa, a corrupção, dominam a agenda eleitoral e, em si, já demonstram que não é o futuro do Brasil que os preocupa, mas desclassificar e derrotar seus adversários por quaisquer meios. E é tal a manipulação que, neste momento eleitoral, apresentam estes temas como se fossem da alçada de decisões da Presidência da República, o que não é verdade.

A separação entre a Igreja e o Estado é um dos princípios que funda o Estado moderno, que também é assegurada na Constituição de 1988 e em todos os países ocidentais. Crer ou não em Deus, ter ou não uma religião, são temas da vida privada, de foro pessoal, e assim devem continuar para garantir o respeito à diversidade e pluralidade culturais, fundamentos da democracia e da paz, ou voltaremos aos tempos das inquisições e da fogueira para sacrificar os hereges.

A descriminalização do aborto não é uma “política para matar criancinhas”, como declara solertemente a oposição. É uma questão de saúde pública que se propõe para evitar a morte de milhares de mulheres, condenadas a enormes riscos ao realizarem seus abortos de forma precária e clandestina, sem qualquer apoio do poder público. E é importante frisar que também aqui, neste caso, a decisão por adotar estas políticas não é da Presidência da República, mas sim do Congresso Nacional.

A questão da corrupção, ela sempre esteve presente na política brasileira, na democracia das elites, que se servem deste expediente na defesa de interesses privados, afrontando a dimensão pública e o interesse coletivo. Se é verdade que os expedientes do “dá lá, toma cá”, estão presentes também no atual governo, o que é lamentável e demanda uma reforma política para instituir controles democráticos efetivos sobre Executivo, Legislativo e Judiciário, não dá para o PSDB posar de vestal, basta lembrar as denúncias da compra de votos que permitiram a FHC modificar a Constituição e ter seu segundo mandato.

Esta agenda eleitoral, fundamentalista e despolitizada, que não trata das questões que importam para o futuro do país, só ganhou importância pelo destaque que a mídia lhe deu – TVs e jornais – que atuaram de maneira articulada, impondo sua versão dos fatos e tentando transformá-la em realidade. Nunca é demais lembrar que uma das questões centrais da democratização de nosso país é retirar do controle de apenas 9 famílias estes meios de comunicação. A tão propalada ameaça à liberdade de imprensa nada mais é que a defesa deste oligopólio, que por sua vez representa o conservadorismo, agora mais radical neste fim de campanha eleitoral.

Assistimos a um deslocamento ideológico onde o PSDB passa a ocupar o lugar do DEM, e o PT o lugar do PSDB. Esta situação abriu um espaço à esquerda no espectro político. Se Marina tivesse se aliado aos pequenos partidos à esquerda, que nasceram como dissidências do PT, poderíamos ter tido uma opção eleitoral à esquerda, mas este não foi o caso, como se pode ver com o alinhamento informal do PV à candidatura do PSDB. Marina paga agora o preço de sua ingenuidade.

A expressiva votação de Tiririca para deputado federal combina com a despolitização desta campanha e com um sentimento de rejeição pela política e pelos políticos de importantes setores da população, que desconfiam da falsidade das campanhas eleitorais e desta manipulação midiática. Afinal, como as candidaturas à presidência prometem mais creches, escolas, saúde, se estes equipamentos e serviços são responsabilidade dos governos municipais? Por que não falam de cambio, política externa, integração regional, projeto de desenvolvimento?

A verdade é que as candidaturas se dobraram à lógica das pesquisas eleitorais e das estratégias de marketing. Falam o que o eleitor quer ouvir. Prometem como sempre prometeram, a cada eleição. O importante nas condições atuais é construir critérios para avaliar as opções. E um deles pode ser o de comparar os governos que estes dois partidos realizaram e avaliar não só o quanto cumprem de suas promessas, mas o que fizeram pelo povo brasileiro.

Embora eles não estejam enunciados com clareza, existem dois projetos para o Brasil em disputa. O do PT é a continuidade de um processo de crescer favorecendo as grandes empresas nacionais e redistribuindo alguma (pouca) riqueza, permitindo a inclusão dos mais pobres. É a isso que se chama social democracia, uma antiga bandeira do PSDB. Já o projeto do PSDB é radical no sentido de favorecer o livre mercado, como se estivéssemos nos anos 90... E o livre mercado não tem nenhum projeto de desenvolvimento autônomo para o Brasil e nem se preocupa com o interesse público. Não é preciso dizer que esta opção só favorece as elites tradicionais, que se transformam em sócias menores do capital internacional, quando o fazem. Nesse caso, nossas riquezas irão beneficiar outros senhores e a desigualdade aumentará.

Mas, mesmo com estas condições que deixam tanto a desejar, temos que fazer uma escolha. Para muitos não será uma escolha pela sua identidade pessoal com um projeto político. Terá de ser uma avaliação em função das opções concretas. Falo especialmente para os que votaram em Marina no primeiro turno, para os que anularam o voto, para os que se abstiveram.



Silvio Caccia Bava

Diretor e Editor Chefe

Uma mulher para presidente

Rachel Moreno






Num fenômeno ímpar temos, pela primeira vez, a chance real de eleger uma mulher à presidência do Brasil. E, no entanto, as mulheres hesitam e as feministas se resguardam e polemizam em torno de uma única questão, esquecendo do quanto a nossa pauta é ampla e transversal.



As mulheres, enquanto eleitorado em geral, tendem a retardar a sua decisão de voto. Querem ter certeza da sinceridade dos candidatos, querem se situar melhor, olhar nos olhos do interlocutor – mesmo que seja através da TV – e entender a sua alma, antes de se decidir.



Historicamente, as que têm a sua vida mais restrita aos cuidados da casa têm no fim se fiado mais na opinião dos mais próximos, que podem lhe parecer mais informados – o marido, os filhos - seguindo-lhes a tendência do voto, numa postura mais conservadora.



Mas as mulheres com vida econômica ativa, que romperam com as estruturas de submissão e ganharam maior autonomia, têm historicamente votado mais à esquerda do que o resto do eleitorado.



De modo que o voto das mulheres não é uniforme – as mulheres não são todas iguais, mesmo no voto.



Tivemos duas mulheres disputando a eleição no primeiro turno. Temos uma, neste segundo turno.



Como não são muitas as mulheres disputando o poder, qual a imagem adequada a estas pioneiras? E qual a reação a esta imagem apresentada?



No primeiro turno, Dilma Rousseff foi tratada com o cinismo característico que a mídia tem reservado às mulheres, tratamento do qual, estranhamente (ou não) a Marina Silva foi poupada.



O período de tratamento de saúde da Dilma serviu de prato do dia enquanto foi possível a mídia esticar o assunto e os temores. Depois, o seu visual, cabelo, aparência, eventuais mudanças de estilo de vestir, todos os detalhes foram objeto de comentário, como se estivéssemos numa espécie de Brasil Fashion Week. Falou-se mais da aparência da Dilma, do que da mulher-pera, da mulher-melão e de outras tantas frutas que salpicaram o cardápio destas eleições.



Finalmente, a sua postura foi à berlinda. Ora como mulher-frágil, fantoche do presidente Lula, que continuaria a controlá-la a seu bel-prazer, ora como mulher intolerante, arrogante, forte demais para uma simples mulher. E a mídia se divertiu.



Já, neste segundo turno, eles decidiram ignorar solenemente o fato da Dilma ser mulher. O silêncio chega a ser ensurdecedor e ostensivo, depois de tanto ti-ti-ti. A que se deve?



Uma mulher disputando um cargo de poder cria expectativas no eleitorado feminino. E, nesta eleição, as mulheres são a maioria do eleitorado.



As mulheres têm uma reserva de credibilidade junto aos eleitores em geral, que lhes atribuem honestidade e capacidade de administração, a partir de sua visão doméstica. As eleitoras tendem a ver nelas uma sensibilidade maior às múltiplas questões e aspectos cotidianos da vida – cujo cuidado lhes cabe – e que tendem a não constar do discurso dos políticos, salvo em algum programa de última hora em que, ao som de uma música suave, desfilam mulheres de ar angelical, todas grávidas e sonhadoras, reduzidas à dimensão de barriga-e-sorriso com a promessa de cuidados do candidato – chega a parecer o pai da criança!



Este ano, as mulheres grávidas em êxtase apareceram mais cedo num programa eleitoral do Serra.



Dilma arriscou-se a incorporar a reivindicação do segmento mais avançado das mulheres, incluindo a questão do aborto como problema de saúde pública.



O segmento mais conservador, pastoreado por alguns sacerdotes e pastores evangélicos, reagiu à perspectiva de avanço com discursos nas missas e alguns cartazes inflando a ameaça à beira do ridículo (Dilma aprovaria o aborto até o nono mês!!!). Mônica Serra reforçou os argumentos acusando a Dilma de “matar criançinhas” – ela que, há alguns anos atrás, teria pessoalmente recorrido ao aborto, como revela a Folha de São Paulo!



Do cardápio deste segmento dos evangélicos, constou ainda o casamento e adoção de crianças por casais homoafetivos. Só faltou a condenação ao uso do preservativo como obra do diabo!



A oposição a Dilma no mínimo viu nisso uma chance de aumentar o alcance da mídia com que tem contado, com a penetração mais popular das missas. E vimos recentemente a descoberta de uma gráfica de uma filiada importante do PSDB, reimprimindo uma quantidade enorme do mesmo cartaz, cuja autoria parte do clero contesta.



Diante da perda de votos ao fim do primeiro turno, Dilma se reposicionou. Pessoalmente, acho que ela não soube se colocar de modo a sair da armadilha que lhe armaram, sem desgaste de nenhum lado.



As feministas têm feito de seu retrocesso um cavalo de batalha, e restringem a sua discussão da campanha. Se indignam não sem razão, mas caem na armadilha – requentando um prato que já esfriou, e deixando de olhar para o banquete de idéias que lhes é oferecido.



E Dilma apanha pela direita e pela esquerda, nesta questão, enquanto o Serra passa incólume... e fatura os votos.



Se as feministas não abrirem espaço para a discussão do programa da candidata, da comparação dos dois lados, se ignoramos as diferenças, a conjuntura, o nosso papel e nos limitamos a protestar contra a Dilma, em função de uma questão que ela não tem como encabeçar, perderemos o bonde da história.



É só isso que as mulheres querem? E as creches? E o acesso ao emprego? E a geração de emprego? E a moradia, que o “Minha Casa, Minha Vida” facilita às mulheres chefes-de-família? E o acesso à riqueza? E a possibilidade mais concreta de estudar, de fazer uma faculdade? E a questão de desenvolvimento sustentável? E a política econômica? E as relações internacionais? E tantas coisas mais, que também nos dizem respeito, e que não estamos discutindo...?



O nosso posicionamento mais formal deveria ser muito mais amplo do que só a discussão do aborto. Nossa questão – a questão de gênero - é transversal, nossa vivência tem vários aspectos, nossas batalhas têm várias bandeiras. É só isso que temos em comum? É só disso que precisamos da candidata a Presidenta? É só isso que temos a apresentar à sociedade, neste momento e conjuntura?



Faço um convite à discussão do programa eleitoral da Dilma, pelas companheiras feministas. Faço um convite à reflexão e à produção de matérias que discutam a nossa pauta de reivindicações em toda a sua plenitude. Muitas saberão fazê-lo com brilho.



Ela passa pela comparação, por um lado, do avanço conseguido com a criação da Secretaria da Mulher, com a Lei Maria da Penha e os recursos para sua melhor implantação no Enfrentamento á Violência de Gênero, nos recursos extensivos à mulher do agricultor familiar (Pronaf) e do pescador, na hora do defeso; no acesso gratuito e fácil aos preservativos na rede de saúde; no avanço que representou o ProUni para o nosso acesso às universidades; na ampliação do espaço e atendimento das reivindicações dos negros; na inclusão social através da política de estímulo ao consumo e criação de empregos; na Bolsa Família, na realização de Conferências da Mulher e na inclusão de nossas reivindicações nas políticas de governo.



Do outro lado, temos a denunciar a resistência e demora do Serra em assinar o Pacto de Enfrentamento da Violência contra a Mulher (que oferecia recursos federais para o Estado); a total falta de investimento do governo PSDB paulista nas políticas de gênero (vide tese de mestrado de A. Fernandes).



Hoje, temos ainda a reivindicar mais creches e escolas em período integral para as crianças, maior qualidade do ensino e mais funcionários nas escolas, com a devida valorização salarial e de formação dos professores. Temos a reivindicar a equiparação salarial das mulheres; o acesso maior e a efetiva equidade no mercado de trabalho; a Reforma Política que nos dê condições de igualdade, uma imagem respeitosa, diversa e plural na mídia; etc. etc. etc.



Vamos pois à discussão e divulgação do programa da Dilma e de nosso interesse múltiplo e transversal nele! O que já não consta do programa, conquistaremos na rua. Temos o desafio e a oportunidade de eleger a primeira mulher presidente deste país – tarefa que demanda o nosso esforço e participação, e que abre as portas para a realização de muitas de nossas aspirações e sonhos. Vamos à Dilma presidente!



SP, 18/10/2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O voto e o preconceito de classe

Um fenômeno muito interessante que venho observando nestas eleições, em especial as presidenciais, é a existência de um declarado "ódio de classe" em especial das camadas de maior renda.


Acho que já contei para o leitor que moro em um bairro de classe média aqui no Rio. Embora seja um local da Zona Norte, suas características geográficas - é um lugar relativamente isolado e que possui a Baía da Guanabara perto e boas áreas verdes - trazem uma boa qualidade de vida e atraem pessoas de maior renda - além de alguns petroleiros que trabalham no Cenpes e na refinaria de Duque de Caxias, relativamente próximas.

Pois é. Em meu carro tenho um adesivo no vidro traseiro da candidata Dilma Roussef - além de um da Portela e outro da Igreja Messiânica, mas isto é outra história... Com o acirramento da campanha tenho de ouvir comentários de vizinhos na linha "vai continuar a sustentar vagabundo?", "eles vão tomar o seu lugar, hein!" e coisas correlatas.

Ando pelo hortifruti onde faço compras às vezes e ouço uma senhorinha, bem jovem, com seu bebê no colo: "vê se pode, esta gentalha fazendo compra no mesmo lugar que a gente. Não pode!", apontando para um senhorzinho que comprava a carne provavelmente para o almoço de domingo.

Onde eu quero chegar: que existe uma parcela de voto conservador que defende a extinção dos programas sociais e prega a perpetuação da miséria. Isso se dá, basicamente, por dois grandes fatores.

O primeiro é social. A chamada "elite" social brasileira defende a exclusão e a idéia de que "somos os escolhidos e os demais são nossos serviçais". A ascensão social de camadas da população nos últimos anos - das Classes D e E para a Classe C e desta para a Classe B - é malvista a partir do momento que retira a "exclusividade" de pertencer à elite, ou à proto-elite - tem muita gente que mora em bairros ricos, mas passa a Guaravita com pão de forma.

Estas novas parcelas de renda mais altas são consideradas "incultas", "bárbaros" e indignos de frequentarem os mesmos ambientes que estas pessoas que se consideram uma "raça superior". Com isso há o clamor pela extinção de políticas de inclusão social e de ampliação de oportunidades; na visão destas parcelas sociais o pobre tem um destino imutável em seu nascimento e não deve ter oportunidade de progredir ou de buscar progredir. Pelo mesmo motivo a criação de empregos deve ser freada.

Eu comentei uma vez em tom de brincadeira, mas está se tornando algo sério: as pessoas tem ânsia de vômito somente de imaginar pobres fazendo supermercado, comprando seu carrinho a prestação, indo ao cinema ou ao shopping. A visão é que, com estas condutas, estas classes ascendentes estão ocupando um espaço que não é delas, não lhes pertencem e cuja presença macula os templos sagrados da velha elite.

A percepção destas pessoas é que estas deixam de ser "superiores", "exclusivas" e passa a ocorrer o maior temor destas classes: passarem a fazer parte da denominada "gentalha". Um pseudo privilégio.

A segunda razão é puramente econômica.

Indo direto ao assunto: com a oferta maior de empregos, os aumentos reais de salários daí advindos e o crescimento da economia, serviços domésticos - incluindo aí os serviçoes de reparos tais como pedreiros, eletricistas e outros - passaram a ficar bem mais caros que nos gloriosos tempos do tucanato.

Hoje não se encontra mais aquela empregada doméstica morta de fome que dorme no emprego, não tem carteira assinada e trabalha por meio salário mínimo mensal, nem aquela faxineira que faz a faxina e passa a roupa por uma diária de R$ 10, R$ 15.

Com a acelerada expansão da construção civil dado o crescimento da economia, profissionais como pedreiros, eletricistas e encanadores cobram bem mais caro, e tem seu tempo disponível diminuído. Esses serviços tiveram elevação substancial de preço, que acabaram impactando na "inflação" destas classes.

Vejo muita gente reclamar "que é um absurdo pagar um salário mínimo e meio mais os direitos para uma empregada que, olha que audácia, vai embora pra casa todo dia!" Percebe-se que é uma visão excludente, de que "o que importa é eu estar bem, o resto que se dane", e "do pobre a Polícia cuida". Mas garanto ao leitor que este mesmo indivíduo reclamaria se em seu emprego tivesse de chegar segunda feira de manhã e somente voltar para casa no final da tarde de sábado...

Também alerto que apesar de reclamarem horrores do Governo Lula, esta turma ganhou muito dinheiro durante os últimos anos. Talvez setores localizados da classe média tenham prosperado menos, mas as classes alta e a maioria dos pertencentes à classe média também melhoraram seu padrão.

Ou seja, resumindo grosseiramente, o importante é acumular dinheiro, ainda que para tal tenha de se explorar o semelhante. A verdade é que os setores favorecidos deste país, em média, são egoístas, mesquinhos, americanófilos e, diria até, perversos. Se estão bem, o resto pode explodir.

Por isso o apoio entusiasmado ao candidato conservador, que promete a volta aos tempos áureos do arrocho salarial, da senzala nas relações trabalhistas, dos juros elevados e da redução do emprego. Sem contar o fim de programas como o Bolsa Família, o ProUni e a reserva das universidades federais para uma minoria - pobre tem de fazer, no máximo, ensino técnico - assim ele ganha menos.

Outro ponto que percebo é que com a introdução cada vez maior da competitividade extrema desde o berço, a juventude é cada vez mais conservadora, egoísta e consumista. Depois reclamam da decadência da sociedade e dos políticos.

Resumindo, existe uma parcela forte de voto conservador calcada no puro preconceito de classe, na noção de que estes são os "escolhidos" e de que os serviços a estas mesmas classes devem custar o mínimo indispensável.

Vale lembrar que parte deste argumento explica a vitória de Serra nos estados da fronteira agrícola brasileira, onde, é bom que se frise, as condições de trabalho são análogas às da escravidão. Não surpreende ver a Senadora Kátia Abreu, líder ruralista, afirmar que o "custo do trabalho está muito alto". Com outras opções de emprego é evidente que os trabalhadores não gostarão de trabalhar como escravos acorrentados em fazendas de monocultura.

http://pedromigao.blogspot.com/

DIRIGENTES E MILITANTES DO MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO - MNU APÓIAM DILMA PARA PRESIDENTA.

DIRIGENTES E MILITANTES DO MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO - MNU APÓIAM DILMA PARA PRESIDENTA.




Nós, abaixo-assinados, militantes do Movimento Negro Unificado - MNU ,

levando em consideração que nossa organização não assumiu oficialmente

uma posição nas eleições presidenciais, vimos a público declarar e

conclamar a militância negra

e nosso povo em geral a votar, trabalhar e eleger Dilma Rousseff, a primeira

mulher Presidenta deste imenso país continental, o nosso Brasil.

Após oito anos de um operário ter chegado à Presidência da República com um

programa de inclusão social que tirou milhões da miséria e elevou

outros milhões

a ingressar na classe C , usufruindo dos benefícios gerados pela riqueza de nosso

país, ter criado cerca de 15 milhões de empregos, ter inserido milhares de

jovens negros no ensino superior, ter implementado políticas públicas para

construção de centenas de escolas técnicas , ter colocado o governo na defesa

das políticas de ações afirmativas e das cotas raciais , na audiência

do STF , se colocando radicalmente contra a posição

do DEMO - que tem um jovem fascista como vice-presidente do Serra -

ter trabalhado em defesa das comunidades quilombolas e comunidades

negras rurais levando o programa Luz para Todos , e a titulação das

comunidades quilombolas - que RECONHECEMOS precisam ser aceleradas no governo Dilma - , ter tido uma política concreta de apoio político e material ao

continente africano com o presidente LULA visitando dezenas de vezes

os países africanos , perdoando a dívida de nações pobres com o nosso

país , ajudando países como Moçambique a modernizar sua agricultura

através da assessoria da EMBRAPA , construindo laboratórios para produção de remédios , principalmente contra o HIV/AIDS , fortalecendo uma política independente com a África do Sul nos fóruns internacionais, política esta interna e internacional

que sem sombra de dúvida beneficia concretamente a população negra brasileira e

a população africana.

No nosso continente os debaixo assumem pela primeira vez os governos de várias

nações - Evo Morales é o maior exemplo, mulheres chegam lá, como Bachelet no

Chile e Cristina K na Argentina.

Temos consciência que muito mais poderia ter sido feito, porém precisamos lutar pela união do movimento negro para pressionarmos com força o governo a avançar

mais numa política reparatória e afirmativa em relação à população negra.

Este governo que apresentou para o povo brasileiro o ministro Joaquim Barbosa - o primeiro negro a ingressar no STF após 170 anos de sua existência -

que levou ao ministério Gilberto Gil, Benedita da Silva, Matilde Ribeiro, Edson

Santos, Dilma Roussef, Nilcéia Freire, Izabella Teixeira , tem que continuar dando voz as

mulheres e negr@s.

As reivindicações do movimento negro, passam a ganhar força a partir da

Conferência Mundial de Durban em 2001, que discute a necessidade de

mudança nos discursos, raciocínios, gestos, posturas, modo de tratar

as pessoas negras,

indígenas, asiáticas, homossexuais, com deficiência, mulheres, estrangeiros,

etc. A sociedade brasileira passa a reconhecer a existência do racismo e adota

ações afirmativas para garantir ingresso de afro-brasileiros/as nas

instituições

de ensino superior. A Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação

Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, em Durban (África do

Sul) contribui para que se identifique na nossa história as práticas racistas

advindas da discriminação e preconceito raciais, construídas e naturalizadas

como verdadeiras, por meio de ações sociais, políticas e econômicas.

A demanda da comunidade negra por retratação, reconhecimento, valorização e

afirmação de direitos, no que diz respeito à educação ainda é grande, mas

devemos lembrar que uma delas é apoiada com a assinatura da Lei 10639/2003,

que alterou a Lei 9394/1996, estabelecendo a obrigatoriedade da educação das

relações étnico-raciais e do ensino de história e cultura afro-brasileira e

africana. Lutaremos para que o governo Dilma implemente com parceria da UNESCO, a distribuição a todas as escolas do Brasil dos 8 volumes da História Geral da Africa, traduzidos para o português,feito inédito nos países onde houve escravização de negros no mundo.

Por defendermos o governo LULA, por queremos a continuidade com

aprofundamento das políticas de inserção racial,por querermos armar o nosso povo para defender

REPARAÇÕES HISTÓRICAS E HUMANITÁRIAS para o povo negro, por defendermos este programa e que

lutamos para ser realizado é que votamos DILMA ROUSSEFF para Presidenta

do Brasil.



Abaixo os de Cima, Acima os de Baixo.



*Ilma Fátima - Coordenadora Nacional de Formação do Movimento Negro Unificado - MNU

*Milton Barbosa - Coordenador Nacional de Relações Internacionais do MNU.

*Marcelo Dias - Presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/RJ - MNU Rio.

*Marta Almeida - Coordenadora Estadual do MNU Pernambuco.

*Jurema Batista - Coordenação Municipal do MNU Rio de Janeiro.

*Jacira Silva - Coordenação do MNU Brasília.

*Sônia Santos - Coordenação Municipal do MNU Diadema

*Adomair O. Ogunbiyi - Coordenação Estadual do MNU Maranhão.

*Maria Isabel Castro Costa - Coordenação Estadual do MNU – Maranhão

*Ivonei Pires - Coordenador municipal do MNU Salvador / Secretário Estadual de Combate ao Racismo do PT Bahia.

*Emir Silva- MNU Rio Grande do Sul.

* Agostinho Ferreira dos Santos - Coordenador de Comunicação do MNU SP - Capital.

*Paulo César - Coordenação Municipal MNU Rio de Janeiro.

*Délio Martins - Coordenação Municipal MNU Rio de Janeiro.

*Sebastião Zizo - Coordenação Municipal MNU Rio de Janeiro.

*Elaine Marcelino - Coordenação Municipal MNU Rio de Janeiro.

*Samuel Alves - Coordenação Municipal MNU Rio de Janeiro.

*Márcio Nélio - Coordenador Municapal MNU Nova Iguaçu- RJ.

*Etelvino Cacaca - Coordenação Municipal MNU Nova Iguaçu.

*Shirlei Ferreira - Coordenadora Municipal Nova Iguaçu.

*Geraldo Magela - MNU Nova Iguaçu.

*Carlos Roberto Pica Pau - MNU Arraial do Cabo - RJ.

*Magali Vieira Dutra -,MNU Arraial do Cabo - RJ.

*Kayan M. Fontes Dutra - MNU Arraial do Cabo - RJ.

*Vânia Monteiro - MNU Cabo Frio.

*Maria Augusta _ MNU Búzios RJ.

*Professor Serjão - MNU São Pedro da Aldeia.

*Roseli Caetano - MNU Iguaba - RJ.

*Roselene Soares - MNU Iguaba - RJ.

*Hingles Custódio - Coordenação do MNU Pernambuco.

*Cida Abreu- Secretária Nacional de Combate ao Racismo do PT / MNU Rio de Janeiro.

*Élson Bragança - Secretário Estadual de Combate ao Racismo do PT / MNU Rio de Janeiro.

*Tércio Amaral - Secretário Sindical , gênero e Racial do Sindicato dos Trabalhadores em Energia do Estado do Rio MNU Rio de Janeiro.

*Jorge Luiz Bonito - Tesoureiro do Sintergia / MNU RJ.

*Yalorixá Mirewá -Coordenadora do GT de Matriz Africana de Diadema - MNU SP.

*Bruno Dias - Coordenador de Finanças do MNU de Diadema

*Fabiana - Secretária do MNU de Diadema

*Ana Lúcia Conceição - Gt Matriz Africana MNU Diadema

*Andreia Dias - GT- de LGBT- Afro do MNU de Diadema

*Regina Lícia dos Santos - MNU SP.



*Givalda Bento -.Quilombola Militante do MNU Sergipe.



*Cleide dos Santos Quilombola-Presidente do GRUMAQ SE.

*Paulo Ferreira Quilombola e Presidente da AAAM - MNU SE.

*Lenilson Cezário Celacud MNU SE.

*José de Jesus - QUilombola e Presidente da Associação Zumbi dos Palmares - MNU SE



*Ilka de Jesus Soares Martins - MNU MA.



*Maria Jose Silva - MNU MA

*Apolônio de Jesus Soares - MNU - MA.

*Teodora Martinha Ferreira - MNU-MA.

*Maria das Dores Carvalho - MNU - MA>

*Maria Eleonora Rosas - MNU - MA.

*Cal Bulhosa - Coordenação MNU Salvador

*Cleusa Santos – Presidenta do SINDOMÉSTICO

*Creuza Maria Oliveira – Presidenta da FENATRAD

*Denival Conceição Oliveira - Contador

*Edmilton Cerqueira – Historiador – Diretório Partido dos Trabalhadores

*Edson Conceição de Araújo – Diretor do SINDILIMP / Diretor da FETRALIMP

*Eliana Rainha Gonzaga - Coordenação MNU Salvador

*Hipólito de Brito – Professor

*Ione Santana – Diretora da CONTRACS

*Joaquim Apolinário de Sousa – Diretor do SINCOTELBA

*Magno Bráz – Acadêmico Gestão Ambiental

*Marinalva Barbosa – Diretora do SINDOMÉSTICO

*Moisés Rocha – Vereador de Salvador – Partido dos Trabalhadores

*Pedro César Gonzaga – Acadêmico de Direito - UFBA

*Simone Soares Lopes – Presidenta do SINCOTELBA

*Valdemir Lima Santos – Diretório Partido dos Trabalhadores

O Brasil quer uma mulher presidenta!

Daqui a poucos dias, será eleita a primeira mulher presidenta que administrará o Brasil nos próximos 04 anos. Num momento como esse o que se espera é que o debate de idéias e propostas realmente relevantes permeie o processo eleitoral.


Para nós mulheres, é relevante discutir temas como a violência que ceifa milhares de vidas todos os dias; a falta de moradia, que atormenta milhões de famílias brasileiras; discutir também mecanismos para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e seus princípios da universalidade, integralidade e equidade, e de uma educação pública, gratuita e de qualidade. Enfim, discutir temas que contribuam para a melhoria da vida da população brasileira e que também fortaleçam a democracia do nosso País.

Porém, para surpresa e desapontamento nosso, assistimos a uma sucessão de fatos que promovem a desqualificação do feminino e estimula a produção e a reprodução da violência contra as mulheres. Desde o início do processo eleitoral, a nossa candidata a Presidenta foi alvo dos mais sórdidos ataques reveladores do sexismo, do machismo e da misoginia que constituem a nossa sociedade. Primeiro, orquestrou-se a tentativa de descredenciar essa candidata através do discurso falacioso que ela era um fantoche na mão do Presidente da República, revelando assim a dificuldade dos setores mais conservadores e machistas em aceitar a capacidade e competência das mulheres para a gestão pública. Depois, se descambou para o “debate” enviesado de temas ligados aos direitos sexuais e direitos reprodutivos com o intuito de alimentar o ódio, a intolerância e o desrespeito a grupos historicamente excluídos e socialmente inferiorizados, em especial as mulheres e as pessoas com orientação sexual e identidade de gênero diferentes das tradicionalmente aceitas.

O mais importante não é a posição pessoal da pretendente a ocupar a Presidência da República sobre determinados temas, mas é relevante, sim, ver a sinalização de compromissos com:

• Ações que contribuam para o enfrentamento da discriminação e de todas as formas de violência contra mulheres, negras(os), pessoas com deficiência, idosas(os) e todos os demais outros grupos socialmente inferiorizados;

• a construção de uma educação libertadora, que promova a descolonização do pensamento e garanta o pluralismo, a autonomia, a autodeterminação e a liberdade de todas as pessoas em situação de vulnerabilidade;

• a defesa do Estado Laico; democrático e solidário, capaz de promover a vida e os Direitos de toda a população, e que para além das aparências, reconheça que todos(as) têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação de raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação que fere os direitos de todos seus cidadãos, rumo a uma sociedade que respeite a diversidade e promova a paz., reconhecendo que nenhuma pessoa ou instituição está acima da Constituição e dos direitos individuais e coletivos.

Saudações Ecofeministas e Libertarias Fabiana Franco

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